quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Fim de inverno

   Ela só pegou a jaqueta e saiu de lá. Queria fugir um pouco daquela casa. Tinha acabado de aceitar o pedido de casamento do namorado de tantos anos, sabia que deveria ficar ali com ele e comemorar, mas estava nervosa. Precisava sentir o vento frio do fim de inverno e fumar um pouco. Ele não gostava que ela fumasse perto dele. Era uma atitude fresca, ela pensava. Apesar de ainda existirem muitas coisas nele que ela não suportava, exatamente.
   Chegou ao pequeno parque que tinha a apenas algumas quadras da sua casa, a casa onde eles morariam juntos agora. Acendeu o cigarro e deu uma longa tragada. Mil pensamentos passavam pela sua cabeça, mas ela não demonstrava perturbação. Poucas pessoas passavam na rua aquela hora, mas ela não percebia nenhuma, já que seus olhos estavam ocupados com a visão de seu provável futuro. Uma vida presa em casa com um marido e filhos para cuidar, casada e trabalhando em algum emprego medíocre. Nada de realizar seus sonhos e ideologias utópicas.
   Não que ela não amasse seu namorado, quer dizer, noivo, ou melhor, futuro marido? Mas ela era tão preciso-de-espaço e agora iria se casar. De onde teria surgido essa ideia na cabeça dela que deixou-a dizer sim tão rapidamente?
   Provavelmente de seus pais. De alguma forma ela sabia que ele era o melhor para ela e que era tudo o que os pais queriam. Afinal, ele era gentil, amável e tão correto. Um verdadeiro gentleman. "Nossa garotinha! Casando!", já ouvia a voz da mãe ao telefone quando ela ligasse para contar as boas novas.
   Jogou o toco do cigarro no chão e voltou para casa.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Sobre recomeços, sobre mudanças

     Gosto da ideia de que estamos sempre recomeçando. Sim, a vida é uma continuidade, mas recomeçamos a cada manhã, a cada maldito relógio que desperta bem na parte boa do sonho, a cada respiro de damos ao acordamos e sabermos que estamos vivos. Começos são tão nescessário e tão bons. Quem não gosta de um novo começo? Uma mudança? No guarda-roupas, no quarto, na sala, na vida.
      Tem que estar aberto às mudanças, tem que precisar delas. Chega de comodidade, chega de pensar que está tudo perfeito. Está tudo ótimo, mas vai que melhora. A gente nunca sabe como vai ser até que aconteça. E nunca muda pra pior. A vida da para gente o que a gente aguenta. Nós podemos, vai ficar tudo bem. Depois que muda percebemos como não era um bicho de sete cabeças. Quem sabe de três, ou duas. Mas de sete não.
     Existe uma coisa que eu aprendi nesses meus poucos anos de existências, a gente tem que deixar as coisas seguirem seus caminhos, não adianta ficar segurando o que tem que ir. Mudanças são legais. Eu, pelo menos, adoro quando as coisas mudam. A vida quer que a gente mude, e se é isso que ela nos reserva, é porque lá - na curva depois da mudança - lá talvez seja o nosso lugar  Mesmo que não pareça bom no início, tudo se ajeita e fica como tem que ficar. Se não tá bom é porque ainda há trabalho a ser feito. Pense nisso.