quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um amor?


Era tão bom quando a gente era apenas amigos. Não sabíamos que nos gostávamos. Bem, na verdade a gente sabia, só ainda não tinha percebido. Você estava com outra pessoa e eu esta ali, esperando meu verdadeiro amor. Não sabia que era você. Mas daí a gente descobriu. Não contamos um para o outro, com medo que a amizade estragasse.
A gente sentia que um gostava do outro, apesar de não ter certeza ainda. Você me xingava e me ofendia, sempre me criticando, mas sempre de brincadeira. Me abraçava e pensava que eu não gostava dos abraços, mas eu gostava. Eu falava o quanto você é lindo e você agradecia sem jeito.
Isso mudou quando me contou que gostava de mim. Quando eu falei que gostava de você. Então nós ficamos juntos. Mas isso me pareceu chato e monótono. Era melhor quando estamos juntos, mas unidos apenas por uma ligação qualquer. O coração ainda não sabia amar.
Eu gosto de como estamos, não estou falando que não gosto, mas estou falando que preferia do outro jeito. Quando você tinha seu jeitinho idiota de me irritar.
As vezes, quando ganhamos alguma coisa que a gente queria muito, vemos como o caminho até o ganho foi bem melhor do que o ganho em si.

Ainda te amo. Ainda te amo!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Você...


... o seu sorriso, seus olhos azuis mar, suas palavras, suas frases toscas, seus bons conselhos, seu ombro amigo, seu jeito de me olhar, seu cabelo negro penteado pra cima, suas manias, seu jeito de me irritar, seu jeito de me fazer ficar melhor, seus atos, seus defeitos, seus amigos idiotas, suas atitudes incertas, suas atitude totalmente incorretas, suas mudanças, seu jeito de pegar minha mão, sua maneira de dizer que me ama, seu jeito de caminhar, seu beijo, sua maneira de ficar de cara, sua bicicleta acabada, suas músicas preferidas, seus filmes, suas fotos, seu jeito de se declarar, seu dom de fazer minhas mãos tremerem, o tempo que passamos juntos, o tempo que passaremos junto, sua timidez, suas reclamações, como você faz eu desabar em segundos, como você faz minhas pernas tremerem, minhas mãos suarem, meus olhos não desviarem dos seus, o jeito como você ameaçou me beijar, mas eu não deixei, o jeito que te deixei me beijar, as brincadeiras, o ciúmes, a raiva, as brigas que duram cinco minutos no máximo, o jeito que me pede perdão...
TUDO!
Tudo isso torna você a pessoa mais especial do mundo, meu primeiro e único amor. Quem mais me fez feliz até hoje.
Se isso não der certo, tenho a certeza de que terei um amigo pelo menos. Mas sempre, SEMPRE levarei você comigo. No meu pensamento. No meu coração. Na minha vida. Ao meu lado.
Eu amo você.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Para sempre com você

Dez anos.
Sei que ele está comigo sempre. Mas mesmo assim não posso tocá-lo.

Eu tinha três anos. Ele era a melhor pessoa que eu conhecia. Tinha um bigode grande, grisalho e curvado. Já estava careca, por causa da idade e da doença. Usava uma espécie de boné antigo, sempre. Calsas largas e puxadas para cima, camisa branca. É assim que me recordo dele.
Mesmo sendo tão pequena, me lembro de algumas coisas. Lembro de quando ele me dava uma rosa do imenso jardim em frente a casa, me colocava em cima das escadas, abria os braços e eu pulava em seu colo. Nós abríamos um sorriso imenso. Me lembro bem dessas vezes.
Algumas filmagens me ajudam a recordar melhor. Não tenho isso tão nítido. Mas lembro de uma vez. Uma vez que não está gravada em filmagem nenhuma, que ninguém me conta. Mas que eu me lembro como se tivesse sido hoje mesmo, esta manhã.
Por causa da doença, nós tínhamos de ajudar ele em tudo. Um dia, vi minha mãe dando a mão a ele para levá-lo ao banheiro. Olhei pra ele, tão frágil, fraquinho. Enganchei minha mão a dele, minha mãe sorriu para mim: "vai ajudar a gente também?" meio emocionada. Ele olhou para mim com a expressão dos olhos mais linda que eu já havia visto na minha curtinha vida. Ele sorriu. Aquele sorriso está guardado em mim.
É a única lembrança totalmente viva que eu tenho dele.
Tempo depois, ele se foi. Se foi para um lugar melhor que aqui. Bem melhor, eu tenho certeza. Eu era muito pequena para entender a morte. Até hoje não me conformo. Tenho a imagem dele deitado em uma espécie de caixa, com muita gente ao redor. Todos tristes. Lembro-me de ter acordado em um colchão no chão e visto minha tia beijando o rosto daquele homem deitado. Minha mãe me ergueu para vê-lo. Eu não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo. Mas acho que no fundo eu sabia que não o veria mais.

Estava conversando com minha mãe esses dias sobre ele. Ela me disse que um dia ele falou pra ela: "e saber que um dia a gente vai morrer e deixar essa coisinha linda aqui". Ele se referia a mim. E aconteceu mais cedo do que eu esperava. Minha mãe me conta também, que tempo depois de ele ter falecido, eu acordei de noite e falei pra ela que havia sonhado que ele estava ao lado da minha cama me vendo dormir. Não me lembro disso. Mas se eu sonhei com isso,provavelmente ele estava mesmo ali. Estava protegendo meu sono. Como um anjo faz.
Sempre que me falam dele, sinto um arrepio - do qual no início tive medo, mas hoje acho bom - no lado direito do meu corpo. Meu braço e a perna arrepiam-se. Creio que é ele que está aqui junto comigo de alguma forma. Creio que sim.
Eu o amava. E ainda o amo. Foi tão pouco tempo de minha vida que convivi com ele, mas foi o suficiente para despertar o tanto de amor que sinto.
Meu avô, o Nono João, como todos o chamavam. Agora, escrevendo isso, sinto um arrepiozinho na minha cabeça. Penso que seja você, me confortando. Bem, sendo ou não, isso é uma forma que encontrei de estar sempre perto de você.
"Cedo ou tarde a gente vai se encontrar, tenho certeza numa bem melhor."